Quando Benjamin Netanyahu, primeiro‑ministro de Israel declarou que a invasão de Faixa de Gaza seria “necessária para eliminar Hamas”, poucos imaginavam que, dois anos depois, o conflito reportaria 70 mil mortos. Até 7 de outubro de 2025, o Ministério da Saúde de Gaza e o Ministério das Relações Exteriores de Israel divulgaram cifras assustadoras: 68 172 palestinos e 1 983 israelenses. A morte de civis, jornalistas e trabalhadores humanitários mudou o tom da guerra, alimentando pressões internacionais por um novo cessar‑fogo.
A contagem oficial aponta 68 172 palestinos mortos, dos quais aproximadamente 80% eram civis e 27% crianças, segundo estudos do International Institute for Counter‑Terrorism. Em números puros, 217 jornalistas, 120 acadêmicos e 224 ajudantes humanitários perderam a vida – entre eles 179 funcionários da UNRWA, agência da ONU para refugiados palestinos.
Do lado israelense, o Ministério das Relações Exteriores registrou 1 983 mortos, incluindo 815 civis durante o ataque de 7 outubro 2023 e 380 militares nas ofensivas subsequentes. O conflito começou quando o Hamas, liderado por Yahya Sinwar, lançou a ofensiva surpresa que resultou em 1 195 mortes israelenses e 251 reféns capturados.
Desde setembro de 2024, o Ministério da Saúde de Gaza publica listas detalhadas contendo nome, sexo e data de nascimento de cada vítima identificada. Em 17 de setembro desse ano, foram divulgados 34 344 nomes palestinos, enquanto o restante ainda está em processo de verificação. Os dados excluem mortes indiretas – como as provocadas por falta de medicamentos ou doenças evitáveis – que, segundo o Grupo de Projeções de Saúde de Gaza, podem elevar o total de óbitos em até 7 800 casos adicionais.
Uma análise da The Lancet, publicada em 15 de junho de 2024, indicou que as mortes por lesões traumáticas estavam subcontadas em cerca de 12%. O relatório alerta que, ao incluir “mortes indiretas”, o saldo fatal pode ultrapassar 80 mil.
Representantes da MSF (Médicos Sem Fronteiras) denunciam que a destruição de hospitais aumentou a taxa de mortalidade neonatal em 45% nas áreas mais afetadas. O ICRC (Comissão Internacional da Cruz Vermelha) apontou que 1,9 milhão de palestinos foram deslocados dentro da Faixa de Gaza, criando um dos maiores crises de deslocamento interno da história recente.
Em nível diplomático, Antony Blinken, secretário de Estado dos EUA, liderou a negociação do plano de paz que originou o terceiro cessar‑fogo, efetivado em 10 de outubro de 2025. O comissário‑geral da UNRWA, Philippe Lazzarini, descreveu as perdas de seu staff como “um golpe devastador ao princípio mesmo da ajuda humanitária”.
Essas estatísticas revelam que o custo humano da guerra ultrapassa o campo de batalha, afetando geração após geração. Os sobreviventes enfrentam traumas psicológicos graves; um estudo da Universidade de Columbia, liderado pelo professor Jeffrey Gettleman, estima que 45% das crianças expostas a bombardeios desenvolvem transtorno de estresse pós‑traumático.
Desde o ataque surpresa de 7 outubro 2023, o conflito passou por três cessar‑fogs: o primeiro, breve, em novembro de 2023; o segundo, de janeiro a março de 2025; e o último, iniciado em 10 outubro de 2025, como parte do plano negociado pelos EUA. Cada pausa trouxe esperança, mas também violação de acordos, como a ofensiva de 18 março de 2025 que rompeu o segundo cessar‑fogo.
Analistas acreditam que a estabilidade dependerá de três pilares: a garantia de segurança para Israel, a reconstrução imediata de Gaza sob supervisão internacional e a solução do status de Jerusalém. O futuro imediato ainda é incerto, mas o relato dos sobreviventes e a pressão dos organismos internacionais tornam improvável uma retomada da violência em escala total.
O Ministério da Saúde de Gaza cruzou as listas de vítimas com registros hospitalares, enquanto o Ministério das Relações Exteriores de Israel utiliza dados do Escritório Central de Estatísticas. Ambas as partes também contam com verificações de ONGs como a Human Rights Watch e o OHCHR.
Além das 68 172 mortes, mais de 1,9 milhão de palestinos foram deslocados, 170 000 ficaram feridos e a infraestrutura de saúde está colapsada, elevando o risco de epidemias e de mortes evitáveis por doenças.
A UNRWA operou 70 centros de distribuição de alimentos e 45 unidades médicas, mas perdeu 179 funcionários em bombardeios, o que limitou drasticamente sua capacidade de assistência.
Especialistas apontam que o próximo passo depende da implementação do plano de paz dos EUA, que inclui garantias de segurança para Israel, reconstrução internacional de Gaza e negociações sobre o futuro de Jerusalém.
O Grupo de Projeções de Saúde de Gaza estima entre 5 200 e 7 800 óbitos adicionais por doenças infecciosas e complicações de parto, decorrentes da destruição de hospitais e falta de medicamentos.
outubro 14, 2025 AT 00:02
É impressionante como os números silenciam as vozes que já não podem falar 😔.
Cada estatística carrega um peso que ultrapassa a mera contagem, lembrando‑nos que a humanidade está em sobrecarga moral.
Refletir sobre o que significa perder milhares de vidas num ciclo de violência é quase impossível, mas necessário.